sábado, 21 de maio de 2011

Peixe betta

Guia de Manutenção e Reprodução do Betta




Como manter de forma saudável e reproduzir o Betta splendens
Bom pessoal, como tenho visto muitas dúvidas quanto à reprodução, alimentação e manutenção em geral dos Bettas, resolvi escrever este pequeno guia baseado em experiências próprias e muita leitura. Em 1849 o Betta foi descoberto, porém confundido com outra espécie e só após alguns anos o erro foi encontrado e enfim viram que se tratava de uma nova espécie que levara o nome de Betta Splendens. A sua forma selvagem é bem diferente das que conhecemos, tendo cauda curta e cores opacas. Basicamente são encontrados na Ásia (Tailândia, Vietnã, China e outros) em charcos e plantações de arroz. Devido a essa regionalidade os Bettas vivem em águas de pouca ou nenhuma correnteza, com baixos níveis de oxigênio dissolvido na água e, além disso, sua alimentação é basicamente feita de mosquitos, larvas e vermes que são encontrados em abundância nesses locais. Devido a esse fato, o seu sistema digestivo não comporta alimentos pesados (de difícil digestão como as famosas rações de "bolinhas"), muitas vezes levando o animal a ter sérios problemas digestivos, mas trataremos disso mais à frente.



O habitat ideal para o Betta:



Um Betta bem cuidado vive tipicamente 3-4 anos em aquário. Os Bettas podem ser criados em aquários com no mínimo 2 litros, embora certamente vivam muito melhor em aquários não tão pequenos, tipo 20-40 litros. Cascalho fino ou areia (não a de praia!) e muitas plantas (como elódeas, cabombas, rabo de raposa, musgo de Java e etc) são ideais. Lembre-se que o objetivo é manter de forma adequada os Bettas e não as plantas, desta forma, procurem plantas que tenham uma maior resistência e suas necessidades não sejam de difícil manutenção, pois fatalmente elas irão morrer e ao menor sinal de apodrecimento deverão ser retiradas e repostas, para que não poluam a água rapidamente. O pH pode ser neutro ou ligeiramente alcalino, a temperatura deve estar entre 25 e 28°C (use pequenos aquecedores próprios para "beteiras") e um termômetro para saber a temperatura constantemente. Oscilações de temperaturas ou quedas bruscas de pH podem gerar mal estar súbito no animal e causar anomalias como Íctio e outras doenças.



A alimentação do Betta:




Se você deseja somente manter Bettas saudáveis, forneça como sua alimentação principal a ração Tetra BettaMin, de duas a três vezes por semana dê artêmias, alternando com Enquitréias, Bloodworms ou outros vermes e/ou larvas. O principal objetivo é fornecer uma alimentação de fácil digestão para o Betta e rica em proteínas. Tenho a certeza que desta forma além de cuidados com a higiene do aquário e água, o seu animal irá lhe presentear com cores intensas e uma agressividade natural/característica da sua espécie. A alimentação preparatória para a reprodução está descrita mais abaixo, com uma dieta que irá fortalecer melhor o casal e ajudar posteriormente no processo de recuperação do peixe.



A reprodução do Betta:




Com certeza pode-se dizer que este é o ponto alto de todo aquarista. Reproduzir nossos peixes é algo indescritível, emociona e fascina milhares de aquaristas por todo o mundo. Veremos a seguir os passos mais importantes para uma reprodução de sucesso e tranqüila. Vamos começar pela escolha do casal. Se você quer seguir determinada linhagem de cor, procure um casal parecido (nas características de cores, caudas, formato do corpo, agressividade, etc), mas se a sua intenção é ousar ou reproduzir somente de forma doméstica, a escolha é sua.


O macho - Na hora da compra, ele deve ser maior que a fêmea (isso vai facilitar o "abraço nupcial"), os peixes devem ser ativos, agressivos e responderem prontamente ao lhes oferecer alimentos; peça para o vendedor dar um pouco de ração ao macho e aproveite para ver qual o alimento lhe é fornecido. Isso vai lhe ajudar mais para frente.


A fêmea - Deve seguir os mesmos critérios de escolha do macho, deverá ter a aparência levemente “redonda”, e com o diferencial citado acima (tem de ser menor). Quando do acasalamento a fêmea irá apresentar listas bem escuras na vertical, e no orifício anal aparecerá um pontinho branco aparentando um minúsculo ovo.
Escolhido o casal, é hora de começar a "turbinar" a sua alimentação, seguindo uma dieta rica em proteínas, principalmente para o macho que durante o processo de reprodução e manutenção dos alevinos, não irá se alimentar e poderá emagrecer bastante. Alguns animais chegam a falecer.


A preparação:




Em primeiro lugar, o aquário de reprodução deverá ficar em um lugar de pouco ou nenhum movimento e sem sol incidindo diretamente sob ele, ressaltando que não deverá existir nenhum ornamento, pedras, ou substrato no aquário. Retire o isopor da base do aquário, coloque a cartolina preta no lugar dele e recoloque o isopor. Com a base preta o macho irá enxergar melhor os ovos que a fêmea irá expelir. Com o copo plástico de pé, corte metade dele na vertical e cole-o na lateral do aquário com a fita adesiva de forma que fique boiando com a parte cortada virada para baixo, para que pareça uma toca. Qualquer material que flutue e não polua a água pode ser usado. O copo cortado deve ficar formando um "U" de cabeça para baixo, lembrando o arco de um túnel. Este passo é muito importante, pois é aí que o macho sustentará o ninho. Se você preferir, poderá usar alguma planta flutuante (como o musgo de Java) igualmente preso a lateral do aquário. Para a colocação da fêmea, usa-se o pote de maionese. Este deve ser bem lavado em água corrente e posteriormente seco ao sol. Se for usar a garrafa plástica de refrigerante, corte fora a parte de cima da garrafa, deixando a parte de baixo com cerca de 15 cm de altura, é ai que a fêmea irá ficar dentro do aquário.

Depois de feito tudo isso, é hora de montar o aquário. A coluna de água deverá ser de no mínimo 8 e no máximo 12 cm, eu particularmente uso com 10 cm, use um condicionador para água como o Tetra Aquasafe, coloque o aquecedor (deixe-o ligado). Durante a reprodução a luz deverá ficar ligada todo o tempo, e a temperatura deverá ser constante, não menor que 25 ou maior que 28°C. Deixe o termômetro preso no vidro para que ele não flutue não destrua o ninho. Após a temperatura estar estabilizada, coloque no centro do aquário a fêmea que deverá estar dentro do recipiente escolhido (garrafa ou pote), com o nível da água de dentro do recipiente 2 cm a baixo que o nível de água do aquário, isso vai facilitar para que o macho sempre veja a fêmea por todos os lados e abaixo dele. Ligue a luz e coloque o macho no aquário principal de reprodução, que deverá ficar tampado para não dissipar rapidamente o calor. Deixe-os sozinhos. Nas próximas 24 horas o macho irá cortejar a fêmea e preparar o ninho.

O Acasalamento:

Considerando que o ninho foi feito, é hora de soltar a fêmea no aquário. Não fique muito próximo, pois isso faz com que o casal fique tímido, só aconselho ficar de olhos bem abertos, pois o macho vai dar umas "pancadinhas" na fêmea, forçando para que ela fique na parte de baixo do ninho. Se ele a machucar, retire-a, e tente mais tarde. Neste momento, devido às “corridas” dos dois, o ninho pode ser afetado e parcialmente desfeito, não se preocupe, o macho irá refazê-lo todo o tempo. Quando a fêmea estiver embaixo do ninho, em no máximo 24 horas o acasalamento deve ocorrer, normalmente acontece entre as primeiras horas da manhã. O macho dará o "abraço nupcial" e a fêmea irá expelir os ovos, que prontamente serão fertilizados instintivamente. Os ovos cairão até o fundo, o macho irá pegar com a boca e colocará com cuidado no ninho. Sempre refazendo e ajeitado o mesmo. Neste tempo a fêmea ficará parada muitas vezes parecendo estar em transe, algumas delas ajudam o macho no processo de recolher os ovos fertilizados e guardar no ninho, mas isso não é uma prática muito comum. Todo este esforço repetitivo dura cerca de 1 hora e em média são expelidos de 300 a 1000 ovos. Após o término do acasalamento, retire imediatamente a fêmea, pois ela pode tentar comer os ovos que estão depositados no ninho e o macho vai defendê-los até a morte. Alimente-a no dia seguinte com artêmia salina viva, verifique se há algum machucado em seu corpo e trate adequadamente. O macho vai revirar o ninho a todo instante, fazendo isso ele dará mais oxigenação aos ovos e previne contra a infestação de fungos. A esta altura os ovos estão amarelados com pontinhos escuros bem pequeninos. Em 24 ou até 48 horas eles eclodirão, os alevinos ficarão presos aos ovos através do saco vitelino (por onde irão se alimentar pelos próximos 4 a 5 dias iniciais de sua vida). Os filhotes que caírem serão devolvidos imediatamente pelo macho ao ninho. Quando os alevinos estiverem nadando na horizontal, é hora de retirar o "papai" do aquário, pois o mesmo poderá comer toda a sua cria. Lembre-se de reforçar a alimentação do macho à base de proteína, principalmente artêmia salina e Bloodworms.



A Alimentação e manutenção dos alevinos:



Agora devemos nos preocupar com os alevinos. Ligue o aerador, regulando o fluxo de oxigênio deixando-o bem fraquinho, desta forma não irá criar correnteza no aquário que poderá gerar má formação nos Bettas.
Como são muito pequenos ainda, precisam de alimentos especiais. No quarto dia de vida, comece a dar infusórios (a chamada "água verde", veja abaixo como fazer uma cultura de infusórios) ou alimentos líquidos especiais para alevinos (como o Wardley® Premium Small Fry®). Muitos deles são à base de gema de ovo e devem ser ministrados com muito cuidado. Existe no mercado uma ração vendida em tubos (que mais parecem de pasta de dente) que substitui muito bem os infusórios, estes devem ser ministrados somente nas 2 primeiras semanas. Todos os dias o fundo deverá ser sifonado com muito cuidado, para que não haja nenhum resto de alimento. Com 1 semana de vida, comece a dar artêmias salinas recém eclodidas (veja o artigo sobre isso na seção Artigos do site), ou mesmo ovos de artêmia sem casca (existe uma marca chamada Maramar que é muito fácil de ser usada, siga as instruções do fabricante). Vá ministrando as artêmias e microvermes alternadamente quantas vezes você puder durante o dia, mas nunca deixando restos no fundo. À medida que os alevinos forem crescendo, vá aumentando o tamanho das artêmias e comece a dar ração para alevinos da Tetra. A partir da terceira semana de vida, comece a fazer trocas parciais diárias de 20% do volume total de água do aquário e a cada dia suba a coluna de água em 1 centímetro. Por exemplo, se o seu aquário está com 10 cm de água, faça uma troca parcial de 20% e ao recolocar a água, suba para 11 cm. e assim por diante, até que o aquário esteja totalmente cheio. Com 1 mês de vida, comece a dar artêmias salinas maiores, enquitréias, bloodworms e a ração Tetra BettaMin bem esfarelada entre os dedos. Faça trocas parciais diárias de um terço do volume total do aquário, sempre sifonando com muito cuidado os dejetos, para que os alevinos não sejam sugados pela mangueirinha.



Receita de infusório:



Os infusórios são cultivados em matéria orgânica apodrecida. Para tanto podemos utilizar casca de banana ou batata, couve e outras folhas. Preferencialmente utiliza-se as de banana. Dentro de um recipiente com água (pode ser um frasco de maionese, por exemplo), ponha uma casca de banana e deixe por 3 ou 4 dias sob sol, neste período o infusório irá se formar nesta água. Algumas pessoas costumam colocar 3 ou 4 gotas de bebida láctea fermentada com “lactobacilos vivos”, os famosos Yakult. É uma prática interessante, porém nunca utilizei, portanto não posso dizer se realmente são necessários ou não. Para ministrar os infusórios utilize um conta gotas convencional que não tenha sido utilizado antes. Coloque de 5 a 6 gostas no aquário e siga as instruções de alimentação que descrevi.



Separando os alevinos:




Dependendo da quantidade peixinhos, você deverá separá-los em 2 ou 3 aquários, desta forma irá evitar superpopulação e o apodrecimento rápido da água. Com 2 meses de vida já é possível notar as diferenças entre os machos e fêmeas, essa é a hora de separá-los, machos em aquários individuais e fêmeas juntas. Normalmente nascem de 6 a 10 fêmeas para cada macho. Mas como diferenciar os machos das fêmeas? Existem algumas dicas que podem ajudar a distinguir os sexos. Em geral os machos são maiores, possuem a cauda ligeiramente maior e se mostram mais agressivos, tentam marcar o seu território e afastar quem se torne uma ameaça a ele. Então são basicamente duas formas, tamanho e agressividade. Algumas vezes isso falha, existem fêmeas maiores e mais agressivas, mas com o tempo as características irão se mostrar mais evidentes, portanto não se preocupe.



Considerações finais:




Existem alguns mitos sobre os Bettas que não sei porque se tornaram tão populares. Provavelmente alguém já ouviu falar que os alevinos devem ser separados em vários aquários o mais rápido possível porque “segregam” uma substância que inibe o crescimento dos seus irmãos. Existem realmente algumas espécies de peixes que possuem tais substâncias (creio que hormônios), mas o Betta realmente não tem.
Outra coisa, por ser um ambiente tão pequeno muitas pessoas tem a convicção de que deve ser trocada toda a água da beteira, o que promove certamente um estresse desnecessário ao animal, como mudança brusca de pH e temperatura da água. A água a ser trocada (no máximo 50% do volume total do aquário, em beteiras de 2 litros) deve ser equiparada aos parâmetros atuais em que o Betta se encontra. Ou seja, deve ser verificado e ajustado o pH se necessário bem como a sua temperatura.

Mais uma, Bettas devem comer somente “bolinhas”, como falei acima sobre a alimentação, elas (as “bolinhas”) contribuem muitas vezes para problemas intestinais, pois muitas delas são de difícil digestão e somente são notadas depois de muito tempo e muitas vezes nem chegam a causar problemas, isso é variável mas acontece. Nós somos o reflexo do que comemos, e por isso devemos sempre tentar na medida do possível alimentar de forma adequada e saudável os nossos animais. Já que eles dependem exclusivamente do que fornecemos. Portanto procure uma ração de boa qualidade como a BettaMin ou similar. Se o seu Betta está acostumado com rações em bolinha, existe um truque para adaptá-lo a uma nova dieta (por exemplo, a BettaMin que é em flocos). Deixe-o sem comer por 2 a 3 dias e forneça um pouco da nova ração, se ele não comer, retire a ração e forneça uma ou duas bolinhas. Repita a operação mais uma vez e não forneça mais as bolinhas até ele acostumar com o sabor na nova ração. Além disso, você pode colocar em uma vasilha com água limpa um pouco da ração e algumas artêmias lavadas, deixe-as por cerca de 30 minutos a 1 hora e forneça as artêmias. Como são animais filtradores não seletivos, as artêmias irão “agregar” um pouco do sabor da ração e isso vai facilitar a adaptação da mesma. Peixes mais velhos são bem mais teimosos que os mais novos e podem realmente não aceitar o novo alimento. Tenha sensibilidade ao ministrar esta dica e se o seu animal mostrar sinais de mal estar, suspenda imediatamente a técnica, forneça artêmias vivas até que se recupere e então volte a sua alimentação tradicional.

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